Parcours

Qui suis-je ?
Daniela Cruz-Pagès
Au Brésil, malgré la cruauté du contexte socio-politique, il est très courant que le rythme s’invite dans l’espace public et égaie l’ambiance. C’est ainsi qu’en tant qu’Amazonienne du Brésil, la danse a toujours fait partie de mon quotidien.
Jeune, j’ai intégré des groupes de chant et de danses folkloriques, mais malgré mon intérêt pour l’art, j’ai préféré prendre le chemin de l’enseignement, que j’aimais également, en commençant des études de Lettres à l’Université Fédérale de ma région. Ce choix m’a permis dès la première année d’accompagner, notamment dans des quartiers dits sensibles, des petits en maternelle et par la suite toutes les autres classes d’âge, jusqu’à la préparation du vestibular, l’équivalent du Bac. Intuitivement, j’ai cherché à utiliser la musique comme outil pédagogique dans l’aventure de l’apprentissage avec mes élèves. J’ai, en outre, développé une méthode de sensibilisation à la lecture qui les invitait à raconter les livres lus, par le dessin, la peinture, la fabrication de maquettes et par des mises en scène qui étaient ensuite présentées dans le hall de l’école.
J’enseignais la journée et le soir je suivais les cours de ma deuxième Licence en FLE, Français Langue Étrangère. Les week-ends, en plus de préparer mes cours, j’écoutais seule dans ma petite maison, les classiques de Piaf, Moustaki ou Brel, tout en étudiant les œuvres de Victor Hugo, Maupassant et tant d’autres. Arrivée en France en 2004, l’art s’est invité définitivement dans ma vie. J’ai plongé définitivement dans l’écriture, dans l’art plastique et dans l’envie de commencer un travail sur moi. À Paris, avec mes deux licences en poche, j’ai pris le chemin de la recherche en faisant deux Masters en Science du langage d’abord et en Littérature comparée après et en entamant par la suite un doctorat en Lettres. Dans la suite presque naturelle des choses, j’ai décroché un poste à l’université de Nanterre et après à la Sorbonne Nouvelle.
La création de jeux s’est jointe à la musique et au chant dans ma palette de supports pédagogiques pour l’apprentissage du PLE, Portugais Langue Étrangère, désormais au service de mes étudiants universitaires en France ou encore de cadres d’entreprises françaises où j’interviens encore aujourd’hui comme formatrice en langue.
Pendant ces 24 ans d’enseignement, j’ai essayé de marier aux contenus enseignés, plaisir, art et écoute, comme des cartes dans mes manches pour lutter contre la baisse de rendement chez mes étudiants, mais aussi pour amener le plaisir dans nos journées. Dès le départ, par intuition également, j’ai cherché à être attentive aux changements de comportements inattendus de mes étudiants. Mon réflexe était souvent de les appeler en privé pour comprendre ce qui se cachait derrière ces bouleversements. Ces discussions aboutissaient souvent à l’expression de problèmes intimes et parfois même à des pleurs. Cette démarche semblait leur faire du bien. Parallèlement, mon intérêt pour les thérapies et les arts a augmenté considérablement. Il m’a donc semblé alors que la vie voulait m’amener vers le chemin de l’accompagnement thérapeutique.
Cette sensibilité a continué de s’affiner après des années de lectures mais aussi de travail personnel, dans le courant de la Psychanalyse Jungienne, des théories de l’Enfant Intérieur et mon intérêt par les psycho-traumatismes, ainsi que des rencontres liant art et thérapie. Parmi celles-ci, Marie-France et Emmanuel Ballet de Coquereaumont, psychopraticiens jungiens français et auteurs de plusieurs livres sur l’Enfant Intérieur. Convaincue de l’expérience, j’ai entamé une longue formation concernant l’Enfant Intérieur dirigée par eux et terminée en 2017. Cette méthode m’a rapproché encore plus de l’art. J’ai approfondi mes liens avec les arts plastiques et la danse, toutes deux devenues de véritables pratiques. Ce vécu a réveillé en moi le souhait d’aller vers une reconversion professionnelle vers le courant de l’Art-thérapie Pluri-expressionnelle. Dans le cadre de mon stage professionnalisant, j’ai eu la chance d’accompagner certains enfants du Château de Vaucelles, la Maison des Enfants Elie Wiesel. Accompagner ces enfants m’a rappelé les heureux débuts de ma carrière d’institutrice, tout en retrouvant cet univers dysfonctionnel des difficultés sociales que je connais bien par mes lectures mais surtout par mon expérience professionnelle et personnelle au Brésil. J’ai par la suite, accompagné également dans le cadre de mon stage, Svetlana Panova, à l’Association France Parkinson en danse-rythmo-thérapie (expression primitive) pendant 8 mois auprès de patients atteints de la maladie de parkinson et Carol Dufflot dans l’Espace Jeanne Garnier auprès de patients atteints d’Alzheimer. 2021, fut l’année de mes expériences auprès des jeunes atteints de déficience intellectuelle au Foyer d’Accueil Médicalisé Louise Dumonteil au 12e arrondissement ainsi que des jeunes adolescents suivis en psychiatrie au CMPa de Neufmoutiers-en-Brie où je les suis en art et danse-thérapie actuellement
I
Quem sou eu ?
Parcours
Daniela Cruz-Pagès
No Brasil, apesar da crueldade do contexto sociopolítico, é muito comum o ritmo entrar no espaço público e alegrar o ambiente. É assim que, como amazônida do Brasil, a dança sempre fez parte do meu dia a dia. Quando jovem, participei de grupos de canto e dança folclórica, mas apesar do meu interesse pela arte, preferi seguir o caminho da docência o qual também amava. Comecei a cursar Letras na Universidade Federal da minha região e essa escolha me permitiu desde o primeiro ano acompanhar, principalmente nos chamados bairros sensíveis, crianças durante a alfabetzação e posteriormente, com o avançar dos meus estudos, todas as outras séries do ensino, até a preparação do vestibular, o equivalente ao Baccalauréat na França . Em sala de aula, intuitivamente busquei utilizar a música como ferramenta pedagógica na aventura da aprendizagem com meus alunos. Desenvolvi também um método de sensibilização à leitura que os convidava a contar os livros lidos através do desenho, da pintura, da confecção de maquetes e de encenações que eram apresentadas no hall das escolas.
Lecionava durante o dia e à noite continuava minha segunda licenciatura, agora em FLE, Francês Língua Estrangeira. Nos fins de semana, além de preparar minhas aulas, ouvia sozinha na minha casinha os clássicos de Piaf, Moustaki ou Brel, além de estudava as obras de Victor Hugo, Maupassant e tantos outros. Quando cheguei à França, a arte foi definitivamente convidada para a minha vida. Num determinado momento, despertei para a escrita, para as artes plásticas e para o desejo de começar um trabalho sobre mim mesma na Amazônia. Na França, com as duas licenciaturas em mãos, enveredei pelo caminho da pesquisa fazendo primeiro dois mestrados em Ciências da Linguagem e depois em Literatura Comparada, iniciando posteriormente um doutorado em Letras. Na sequência quase natural das coisas, comecei a dar aulas na Universidade de Nanterre e depois na Sorbonne Nouvelle. A criação de jogos juntou-se à música e ao canto na minha malinha de ferramentas de aprendizagem, agora ao serviço dos meus estudantes universitários na França ou mesmo de executivos de empresas francesas. Nesses 24 anos de docência, procurei aliar o conteúdo ensinado, o prazer, a arte e a escuta, como cartas na manga para lutar contra a queda de desempenho entre meus alunos, mas também para trazer prazer aos nossos dias. Desde o início, também por intuição, procurei estar atenta às mudanças inesperadas de comportamento dos meus alunos. Meu reflexo era muitas vezes chamá-los em particular para entender o que estava escondido por trás do rendimento baixo. Essas discussões muitas vezes resultaram na expressão de problemas íntimos e às vezes até em choro que parecia fazer-lhes bem. Ao mesmo tempo, meu interesse pelas terapias e pelas artes aumentou consideravelmente.
Pareceu-me, portanto, que a vida queria me conduzir pelo caminho do acompanhamento terapêutico. Essa sensibilidade continuou a se afirmar após anos de leitura, mas também de um trabalho interior pela mediação da Psicanálise Junguiana, das teorias da Criança Interior e dos psicotraumas, além dos encontros envolvendo a arte e a terapia. Entre esses, Marie-France e Emmanuel Ballet de Coquereaumont, psicoterapeutas junguianos franceses e autores de vários livros sobre a Criança Interior. Convencida da experiência, iniciei uma longa formação sobre a Criança Interior dirigida por eles e a terminei em 2017. Esse método me aproximou ainda mais da arte. Aprofundei meus vínculos com as artes plásticas e a dança. Esta experiência despertou em mim o desejo de uma reconversão profissional na área da Arteterapia multi-expressional. Durante meu estágio profissional, tive a oportunidade de acompanhar algumas crianças do Château de Vaucelles, a Casa das Crianças Elie Wiesel. Acompanhar essas crianças me fez lembrar do início da minha carreira como professora, ao mesmo tempo em que redescobri esse universo disfuncional das dificuldades sociais que conheço bem pelas minhas leituras, mas principalmente pela minha experiência profissional e pessoal no Brasil. Acompanhei também, durante meu estágio, Svetlana Panova, na Associação France Parkinson em dança-ritmo-terapia (expressão primitiva) por 8 meses com pacientes com a doença de Parkinson. Também acompanhei Carol Dufflot no Espace Jeanne Garnier com pacientes com Alzheimer. 2021 foi o ano das minhas experiências com jovens com deficiência intelectual no Foyer d’Accueil Médicalisé Louise Dumenteil no distrito 12 de Paris. Depois comecei um trabalho em arte e dançaterapia que prossigo atualmente com jovens adolescentes acompanhados em psiquiatria no CMPa de Neufmoutiers.
